sábado, 27 de agosto de 2011

CAPÍTULO II - O APOCALIPSE DE JOÃO

§2.1) Sobre o autor
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O autor se identifica como “João”. Ele não se denomina apóstolo, mas apenas “servo” de Jesus (Ap. 1.1) e profeta (Ap. 22.19). Ele encontrava-se preso, exilado na ilha de Patmos, acusado por ter difundido a mensagem sobre Jesus (Ap. 1.9);



A identidade do autor é misteriosa. Por volta do ano 130 d.C., um dos Pais da Igreja chamado Justino (Mártir) afirma que o autor do livro é mesmo o apóstolo João, filho de Zebedeu. Também concordam com essa opinião, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano e o Cânon de Muratori, onde afirmam haver identidade de autoria entre o quarto evangelho e o livro do Apocalipse.



§2.2) O tema e o propósito do livro
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O foco do livro está em Jesus. João testifica que seu livro é um registro de tudo aquilo que Cristo lhe revelou. Sua primeira visão (Ap. 1.11-20) é uma visão de Cristo. É Cristo – o Leão de Judá, o Cordeiro oferecido em sacrifício (Ap. 5) – quem quebra os selos do rolo que marca o início do juízo final.
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Os remidos são aqueles que seguem o Cordeiro (Ap. 14). O povo de Deus, os cidadãos da nova Jerusalém – a noiva do Cordeiro - são aqueles, cujos nomes estão escritos no “Livro da Vida” do Cordeiro (Ap. 21.27). E o livro termina com a promessa de Jesus: “Certamente, venho sem demora”.

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2.3) A época em que foi escrito o livro e os seus destinatários
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O Apocalipse situa-se no final do I século de nossa era. Consideramos que esse período se inicia no ano 54 d.C., com Nero; mais precisamente, em 64 d.C., com o primeiro incêndio de Roma, acrescido do martírio de Pedro e Paulo;
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§É o período do começo das perseguições romanas. Em seguida, entre 80 e 85 d.C., temos a ruptura com o judaísmo, na reunião de Jamnia, onde os judeus expulsam os cristãos definitivamente da sinagoga;

§Entre os anos 91 e 117 d.C., aparecem Domiciano e Trajano, imperadores romanos, que darão continuidade ao período de perseguição aos cristãos, incitados pelos judeus;
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Os destinatários eram os primeiros cristãos que viviam na ardente expectativa da volta de Jesus. Mas já se haviam passado 60 anos desde a morte de Jesus, a perseguição estava se intensificando, e alguns começavam a duvidar. Assim, as cartas do Apocalipse às igrejas, e o livro como um todo, eram necessários para incentivar esse cristãos a permanecerem firmes.


§2.4) As relações entre Apocalipse e Profecia
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O Apocalipse está intimamente ligado a profecia, o próprio autor, João apresenta-se como profeta (Ap. 1.3; 10.7; 11.18; 22.6.9.18);
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O profeta é um intermediário da vontade de Deus e dos seus desígnios diante do povo. Sua missão é tornar conhecida ao povo uma mensagem especialmente revelada a eles, muitas vezes em circunstâncias especiais (Ez. 3.1ss,; Ex. 3.1s.; Is. 7.10-25);
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Profetizar, mais que prever, é interpretar e previnir o futuro, diante de uma leitura comprometida com a história;




§O Apocalipse está na complementação da profecia, pode ser considerado um gênero profético mais evoluido. O Apocalipse debruça-se sobre uma perspectiva futurista, de certos mistérios que deverão acontecer, sem ser adivinhação;
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A revelação no Apocalipse apresenta-se em forma de visões. Esta é uma forma presente, mesmo que menos frequente, na profecia (Am. 1.1; Mq. 1.1; Na. 1.1...).


§2.5) As relações entre o Apocalipse e o Antigo Testamento
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O Apocalipse de João apresenta uma relação direta com o Antigo Testamento e muito semelhante aos os textos apocalípticos de Ezequiel, Zacarias e Daniel. Vamos analisar algumas dessas relações:
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Ap. 8.1
– Quando o Cordeiro abre o sétimo selo se faz meia hora de silêncio. Por que o silêncio? No AT, as teofanias representam a intervenção magnífica de Deus (Hab.2.20; Zc.2.17). O silêncio é por causa da proximidade de Deus. No Apocalipse, o silêncio é o anúncio de que o Grande Dia está por acontecer;

§Ap. 11.19 – A arca da Aliança aparece no templo, e a fumaça enche o templo (Ap.15.8). Em Mac.2.5-8, Jeremias esconde numa gruta a arca da aliança com os perfumes e diz ao povo que Deus se manifestaria novamente, como outrora, numa nuvem. Ele, a arca e o lugar permanecerão desconhecidos ao povo;
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Ap. 12.1-17
– Na visão da mulher em dores de parto e a criança ameaçada pelo dragão encontra uma vinculação com a tradição do Gênesis no relato da serpente que irá declarar guerra aos descendentes de Eva (Gn.3.14-20);

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