sábado, 27 de agosto de 2011

CAPÍTULO III - TEMAS CENTRAIS DO APOCALIPSE

§3.1) Tirando o véu dos olhos, da Escritura e da história
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Desmascarando a falsa propaganda do império (Ap.12,16; 13,1-18; 17,1-18), o Apocalipse tira o véu dos olhos e aponta os sinais da vitória de Cristo já garantida no mundo de cima;
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Usando o AT para descrever a situação (Ap.4,2.8; 5,10), tira o véu da Escritura e mostra que o mesmo Deus libertador continua presente e atuante;
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Falando das “coisas que devem acontecer muito em breve” (Ap.1,1), tira o véu da história e situa a perseguição no conjunto do plano da salvação.




§3.2) Deus Pai, Senhor da história
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Perseguidos pelo império, os cristãos estavam morrendo. A mensagem central do Apocalipse é a Fé na Ressurreição (Ap.1.17-18);
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O fundamento dessa fé é a certeza de que Deus é o criador do céu e da terra, Senhor da vida e da morte (Ap.11.17-18);
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Na visão do trono, Deus toma assento como Juiz Supremo, Criador do Universo e Senhor da História (Ap.4.2-8). É graças ao seu poder que Jesus venceu (Ap.5.6-10) e que os fiéis receberão o prêmio da vitória (Ap.2.7.11.17.26; 3.5.12.21).




§3.3) Jesus, o Filho, vencedor da morte, defensor do povo
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Através de sua morte, Jesus resgata os fiéis perseguidos (Ap.5,9) e é seu defensor, porque venceu Satanás, o acusador (Ap.12,10). Na visão inaugural encontramos um resumo desta mensagem (Ap.1,9-20). Está também repetidamente nos títulos dados a Jesus e nas frequentes aclamações (Ap.2,1.8.12.18; 3,1.7.14; 5,5.9-10; 7,10.17; 11,15; 12,5.10). São como fios condutores que conduzem a mensagem ao longo das páginas do Apocalipse até a visão final da Jerusalém celeste (Ap.21-22). Comunicam às comunidades perseguidas a certeza de que Jesus ressucitado continua vivo no meio delas.




§3.4) O Espírito e a esposa dizem: vem!
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Este apelo: “vem” sintetiza toda a mensagem do Apocalipse. O verbo “vir” é usado com muita frequência: cerca de 50 vezes;
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O Espírito se comunica com as comunidades e faz saber qual a vontade de Deus: “Quem tem ouvido ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap.2,10;6,7.11.17.29; 3,6.13.22). Ele fala pelos profetas (Ap.19,10;22,6). Arrebata o visionário para comunicar as visões (Ap.1,10; 4,2; 17,3; 21,10). Suscita na pessoa o desejo de Deus e da união com Ele (Ap.22,17).




§3.5) Perseguição e martírio ( μάρτυς )
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Perseguição, sofrimento e insegurança, eram o pão de cada dia do povo das comunidades (Ap.2,10; 6,9-11; 7,13-14; 12,13.17; 13,7; 16,6; 18,24; 20,4);
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Como era possível testemunhar a Boa Nova nessas condições? Justamente através do Apocalipse, que era o consolo e esperança expressa por meio de imagens e símbolos (Ap.1,9-18). O que parecia derrota, fraqueza e morte, na verdade era a expressão da vitória de Jesus, como pedra na construção do Reino (Ap.5,6-10). Assim, a perseguição perde a sua invencibilidade, assumindo a dimensão de testemunho.




§3.6) O específico: a fé na ressurreição
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Uma das marcas do Apocalipse é a centralidade da fé na ressurreição (Ap.1,17-18). A ressurreição de Jesus, comunicada àqueles que o seguem, é a prova contundente de que a vitória final será de Deus.




CAPÍTULO II - O APOCALIPSE DE JOÃO

§2.1) Sobre o autor
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O autor se identifica como “João”. Ele não se denomina apóstolo, mas apenas “servo” de Jesus (Ap. 1.1) e profeta (Ap. 22.19). Ele encontrava-se preso, exilado na ilha de Patmos, acusado por ter difundido a mensagem sobre Jesus (Ap. 1.9);



A identidade do autor é misteriosa. Por volta do ano 130 d.C., um dos Pais da Igreja chamado Justino (Mártir) afirma que o autor do livro é mesmo o apóstolo João, filho de Zebedeu. Também concordam com essa opinião, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano e o Cânon de Muratori, onde afirmam haver identidade de autoria entre o quarto evangelho e o livro do Apocalipse.



§2.2) O tema e o propósito do livro
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O foco do livro está em Jesus. João testifica que seu livro é um registro de tudo aquilo que Cristo lhe revelou. Sua primeira visão (Ap. 1.11-20) é uma visão de Cristo. É Cristo – o Leão de Judá, o Cordeiro oferecido em sacrifício (Ap. 5) – quem quebra os selos do rolo que marca o início do juízo final.
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Os remidos são aqueles que seguem o Cordeiro (Ap. 14). O povo de Deus, os cidadãos da nova Jerusalém – a noiva do Cordeiro - são aqueles, cujos nomes estão escritos no “Livro da Vida” do Cordeiro (Ap. 21.27). E o livro termina com a promessa de Jesus: “Certamente, venho sem demora”.

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2.3) A época em que foi escrito o livro e os seus destinatários
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O Apocalipse situa-se no final do I século de nossa era. Consideramos que esse período se inicia no ano 54 d.C., com Nero; mais precisamente, em 64 d.C., com o primeiro incêndio de Roma, acrescido do martírio de Pedro e Paulo;
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§É o período do começo das perseguições romanas. Em seguida, entre 80 e 85 d.C., temos a ruptura com o judaísmo, na reunião de Jamnia, onde os judeus expulsam os cristãos definitivamente da sinagoga;

§Entre os anos 91 e 117 d.C., aparecem Domiciano e Trajano, imperadores romanos, que darão continuidade ao período de perseguição aos cristãos, incitados pelos judeus;
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Os destinatários eram os primeiros cristãos que viviam na ardente expectativa da volta de Jesus. Mas já se haviam passado 60 anos desde a morte de Jesus, a perseguição estava se intensificando, e alguns começavam a duvidar. Assim, as cartas do Apocalipse às igrejas, e o livro como um todo, eram necessários para incentivar esse cristãos a permanecerem firmes.


§2.4) As relações entre Apocalipse e Profecia
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O Apocalipse está intimamente ligado a profecia, o próprio autor, João apresenta-se como profeta (Ap. 1.3; 10.7; 11.18; 22.6.9.18);
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O profeta é um intermediário da vontade de Deus e dos seus desígnios diante do povo. Sua missão é tornar conhecida ao povo uma mensagem especialmente revelada a eles, muitas vezes em circunstâncias especiais (Ez. 3.1ss,; Ex. 3.1s.; Is. 7.10-25);
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Profetizar, mais que prever, é interpretar e previnir o futuro, diante de uma leitura comprometida com a história;




§O Apocalipse está na complementação da profecia, pode ser considerado um gênero profético mais evoluido. O Apocalipse debruça-se sobre uma perspectiva futurista, de certos mistérios que deverão acontecer, sem ser adivinhação;
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A revelação no Apocalipse apresenta-se em forma de visões. Esta é uma forma presente, mesmo que menos frequente, na profecia (Am. 1.1; Mq. 1.1; Na. 1.1...).


§2.5) As relações entre o Apocalipse e o Antigo Testamento
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O Apocalipse de João apresenta uma relação direta com o Antigo Testamento e muito semelhante aos os textos apocalípticos de Ezequiel, Zacarias e Daniel. Vamos analisar algumas dessas relações:
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Ap. 8.1
– Quando o Cordeiro abre o sétimo selo se faz meia hora de silêncio. Por que o silêncio? No AT, as teofanias representam a intervenção magnífica de Deus (Hab.2.20; Zc.2.17). O silêncio é por causa da proximidade de Deus. No Apocalipse, o silêncio é o anúncio de que o Grande Dia está por acontecer;

§Ap. 11.19 – A arca da Aliança aparece no templo, e a fumaça enche o templo (Ap.15.8). Em Mac.2.5-8, Jeremias esconde numa gruta a arca da aliança com os perfumes e diz ao povo que Deus se manifestaria novamente, como outrora, numa nuvem. Ele, a arca e o lugar permanecerão desconhecidos ao povo;
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Ap. 12.1-17
– Na visão da mulher em dores de parto e a criança ameaçada pelo dragão encontra uma vinculação com a tradição do Gênesis no relato da serpente que irá declarar guerra aos descendentes de Eva (Gn.3.14-20);

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO AO APOCALIPSE

§1.1) Definição do termo “Apocalipse”
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O termo vem do grego αποκάλυψις, que pode significar revelação, descortinação, levar à tona algo que estaria submerso e desvelar algo em oculto;
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No contexto bíblico, significa a revelação de Deus feita aos homens, de coisas que até então eram desconhecidas;
§Na tradição judaica esse gênero literário era muito comum, tanto é que encontramos diversos escritos: Apocalipses de Henoc, Abraão, Baruc, Assunção de Moisés, O quarto livro de Esdras e outros.



§1.2) A origem da tradição apocalíptica
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A literatura apocalíptica judaica surgiu entre o Antigo e o Novo Testamento em torno do ano 180.a.C. num período chamado pelos cristãos e judeus como período do silêncio profético;
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A situação política e social para os israelitas nesse período era de opressão, torturas e ameaças de morte por toda parte do poderoso império, liderado pelo monarca Antíoco IV (Epifanes).



A linguagem do apocalipse tinha a forma apropriada para anunciar a esperança em tempos de perseguição e falta de profecia. Era a maneira de comunicar uma mensagem de conforto para o povo perseguido e desiludido, numa linguagem codificada através de símbolos para que seus perseguidores não desconfiassem de nada.


Devido ao contato direto e convívio com as culturas estrangeiras durante o período dos exílios, a literatura apocalíptica foi diretamente influenciada por essas culturas. A influência da cultura persa foi muito marcante, principalmente da religião e escatologia do Zoroastrismo.



§O livro de Daniel é sem dúvida um dos mais conhecidos escritos apocalípticos que recebeu influências da escatologia persa naquele tempo;
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Os escritos apocalípticos possuiam um certo padrão definido, mas poderiam ocorrer algumas diferenças em função do estilo da escrita de cada autor, Esses escritos eram considerados como revelações sobre os segredos divinos, os quais Deus revelou a indivíduos escolhidos para serem os interlocutores dessas mensagens.



Os apocalípticos descreviam suas revelações em formas contrastantes, de um lado, apresentavam visões dos impérios tiranos e opressores (Dn. 7,3-8), do outro, um reino humano do Filho do Homem (Dn. 7,9-14). De um lado, o dragão e a besta (Ap. 13,1-18), do outro, o Cordeiro e seu exército (Ap. 14,1-5); de uma lado, Babilônia, a grande meretriz (Ap. 17,1-18), do outro, Jerusalém, a noiva do Cordeiro (Ap. 21,1-22,5).


Os apocalípticos apontam em direção daquilo que é certo em relação aos planos de Deus, mostrando que a vitória estaria garantida, dando esperança ao povo (Ap. 11,17-18; 21.1-8; 22.35). Tudo aquilo que vinha da parte de Deus era bom, porém, tudo que vinha para impedir a vitória do povo escolhido, vinha de Satanás (adversário). No livro de Daniel, o autor relata a perseguição imperial aos Santos do Altíssimo (Dn. 7,21.25; Ap. 13,7). Por isso, na descrição que fazem dos impérios (Dn. 7,3-7; Ap. 13,1-18; cf. 17,1-18) nada apontam de bom, o império é obra de Satanás, do dragão (Ap. 13,1-2).

Conclusão:

Conclui-se que o gênero apocalíptico é uma forma de se fazer uma leitura da história a partir da fé. Essa tradição surge em épocas de desesperança, onde a visão de fé das comunidades é brutalmente ameaçada pela violência dos fatos. Os temas centrais dos escritos apocalípticos assumiam exortações proféticas como a confiança em Deus e na sua justiça Divina, na recompensa e libertação do povo etc. 






§1.3) As quatro formas de interpretação do Apocalipse
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O livro do apocalipse desde os primórdios da tradição da igreja foi questionado quanto ao seu conteúdo e principalmente quanto a sua interpretação. Qual seria a interpretação correta? O que se passava pela cabeça do escritor? Essas sempre foram algumas das milhares de perguntas que ficaram sem respostas por séculos, até os dias de hoje. Vamos conhecer as quatro posições interpretativas mais discutidas ao longo da história.


§1ª) A interpretação preterista:

Essa linha de interpretação considera que o Apocalipse é um livro do seu tempo, e escrito para o seu tempo, ele não prediz o fim da história e nem fala do fim do mundo. Ele foi escrito para animar, dar esperanças e avivar a fé e o espírito de unidade das comunidades perseguidas pelo império romano, utilizando uma linguagem simbólica codificada, onde esses símbolos são associados a personagens e fatos da época, como por exemplo, “o número da besta” 666, que na verdade, transformando esses números em letras, formam o nome de “César Nero” o imperador sanguinário e louco perseguidor dos cristãos.

§2ª) A interpretação histórica:

O método historicista interpreta o livro do Apocalipse dentro de uma visão profética histórica, interpretando as visões como descrições antecipadas da história desde o tempo do apóstolo João até o período do segundo advento. Alguns pesquisadores vêem no Apocalipse uma espécie de quebra cabeça histórico e procuram montá-lo para tentar decifrar datas e períodos em que vai acontecer o fim do mundo. Essa linha de interpretação é ultrapassada, poucos eruditos seguem essa linha, apenas alguns grupos isolados como os Adventistas do Sétimo Dia. 

§3ª) A interpretação futurista:

O Apocalipse descreve só as coisas que vão acontecer no final dos tempos, antes da volta de Jesus. Essa linha de pensamento é bem aceita entre os pentecostais e carismáticos. Muitos se denominam como os “eleitos dos últimos dias”. Para eles, estão vivendo já nos dias finais, prontos para serem arrebatados e encontrarem com Jesus nas nuvens. Essa é a linha de interpretação que fala sobre a “grande tribulação” e o “milênio”, baseado no Apocalipse (Ap.20.16). Essa linha de interpretação é a mais aceita atualmente.

4ª) A interpretação idealista ou espiritualizada: §

Essa linha de interpretação considera que todo o conteúdo do livro do Apocalipse apresenta-se de forma figurada e muitas vezes metafórica. O livro não descreve o desenrolar da história, nem fala do final dos tempos e muito menos se prende à situação das comunidades da época. Sua visão é mais abrangente, fala de todas as épocas e todos os acontecimentos relativos ao passado, presente e futuro. Procura revelar uma dimensão mais profunda dos fatos, para mostrar a ação soberana de Deus e a continuidade do seu plano salvífico.

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1.4) Os riscos do movimento apocalíptico
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Corremos grande risco de cometer injustiças com o autor do livro, quando não fazemos um interpretação madura da linguagem simbólica e codificada do livro do Apocalipse. Uma interpretação equivocada e leiga deste livro, pode gerar atitudes extremistas como medo, fundamentalismo, fatalismo, determinismo, sectarismo e até preconceitos em relação aos cristãos de confissões de fé diferentes e em relação a outras religiões tradicionais. 



§1º) Risco de fundamentalismo
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A principal tendência do fundamentalismo é interpretar tudo ao “pé da letra”, e através desta, procurar impor essa leitura como a única verdadeira. Isso aconteceu no primeiro século, quando os judeus apocalípticos se rebelaram contra o império romano em 70d.C. e acabaram perecendo, como em massada, que todos os judeus resistentes na fortaleza cometeram um grande suicídio coletivo. A falta de esclarecimento das visões que, às vezes, nem o próprio profeta é capaz de entender (Ap. 7.14; Dn. 8.15), aliada à ansiedade do povo, sufocados pela opressão, podem levar a essas atitudes fundamentalistas.

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2º) Risco de imobilismo devido ao fatalismo
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Segundo o Apocalipse, o plano de Deus para a salvação dos fiéis já está pronto e definido na dimensão espiritual, assim como o inferno para os condenados. Pensando assim, não nos resta fazer mais nada, além de esperar o juízo final, pois de que adiantaria fazer alguma coisa, se o fim é inevitável. É aí que mora o perigo do imobilismo e fatalismo, fazendo com que as pessoas deixem de participar do desenvolvimento por um mundo melhor.



Isso aconteceu na comunidade de Tessalônica, onde a comunidade cristã daquela região resolveu cruzar os braços e abandonar suas tarefas, se preocupando apenas com o fim inevitável do mundo, que eles achavam que estava próximo de acontecer, e essas discuções geravam muitas conflitos na comunidade. Muitos ficavam totalmente paralisados sem fazer absolutamente nada (II Ts. 3.11).

 

§3º) Risco de isolamento e sectarismo
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Este risco foi e ainda é muito presente em algumas denominações cristãs muito conservadoras. Ensinam que os pobres e os perseguidos são os verdadeiros “Santos do Altíssimo” (cf. Dn. 7,22-25; Ap. 11,18; 12,11; 16,6), que serão os salvos no “Dia do Senhor”. Essas pessoas que pensam assim, se consideram como os verdadeiros eleitos, e por isso, procuram se isolar e passam a evitar o contato com aqueles que não pensam iguais à eles, pois esses seriam os condenados.



Na verdade, isso dentro do contexto dos evangelhos, acaba sendo uma postura contrária ao que é pregado nas Escrituras, pois em vez de difundir o Reino de Deus, realizar o ide de Cristo, realizar a missão de servir à humanidade e ser luz das nações (Is. 42,6; 49,6; At. 13,47), acabam se isolando.



Isso ocorreu também na Bíblia, quando Pedro, diante da transfiguração de Jesus, se sentiu bem ali naquele lugar a ponto de não querer descer mais dali do monte. Ele propôs que ficassem ali isolados na montanha, porém, não sabia o que dizia (Lc. 9,33). Aconteceu também na ascenção de Jesus, quando os dois varões vestidos de branco, não deixaram que os apóstolos ficassem parados, com os olhos fixos no céu (At. 1,11), porque na verdade, eles tinham uma missão para cumprir aqui nesse mundo (At. 1.7-8).


§4º) Risco de temor e manipulação
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Para muitos, a experiência de Deus segundo as profecias do Apocalipse, geram espanto e pavor. Como aconteceu com Moisés, que evitou ver a Deus para não correr risco de vida (Ex. 3,6), com Daniel (Dn. 7,15; 8,17) e João (Ap. 1,7) também aconteceu o mesmo. Eles ficaram aterrorizados com as visões. As imagens fortes e violentas ilustradas no livro do Apocalipse, servem para gerar medo e temor não nos oprimidos, e sim nos opressores.



Porque para os oprimidos, a mensagem do livro procura trazer conforto e um forte sentimento de justiça, mostrando que a mão de Deus pesará nos seus adversários. Muitas vezes, a manipulação parte da própria igreja, que ao invés de usar o Apocalipse a favor dos justos e fiéis, acaba usando de forma moralista para intimidar esses. Deus não pretende aterrorizar os fiéis, pelo contrário, procura confortar: “Não tenham medo!” (Ap. 1.17), “Não chore!” (Ap. 5.5).


§1.5) Algumas regras básicas para interpretar o Livro do Apocalipse
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O Apocalipse pertence a um tipo especial de literatura, chamada de “Apocalíptica”. Para entendê-lo, é preciso lembrar que sua forma se aproxima mais da poesia do que da prosa;
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§O Apocalipse tem suas raízes no Antigo Testamento: é ali que se encontram as pistas que permitem entender o significado dos vários símbolos;



§Trata-se de um livro de visões. O importante é o significado geral de cada quadro. Assim como no caso das parábolas, devemos olhar em primeiro lugar para o todo, para descobrir a idéia principal;
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§A cronologia é, em grande parte, uma preocupação ocidental moderna. As visões de João são apresentadas como uma série de imagens gráficas, e não como uma sequência ou um cronograma de acontecimentos;

Antes de fazer a relação com os nossos dias, pergunte: “O que isso significava para os primeiros leitores?”.




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OBJETIVOS DO CURSO

§Este curso tem como objetivos:
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1º) Apresentar a tradição, evolução histórica e vivencial do gênero apocalíptico, do período interbíblico até a era cristã;
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2º)
Estudar o Livro do Apocalipse de João dentro dos contextos histórico e profético, além de promover debates sobre suas aplicações e contextualizações para os dias atuais;
§

3º)
Analisar toda a estrutura simbólica do Livro, por meios visuais e descritivos, buscando uma melhor compreensão dessas mensagens codificadas.



Apresentação do Curso

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Capítulo I: Introdução ao Apocalipse

1.1) Definição do termo “Apocalipse”;
1.2) A origem da tradição apocalíptica;
1.3) As quatro formas de interpretação do Apocalipse;
1.4) Os riscos do movimento apocalíptico;
1.5) Algumas regras para interpretar o apocalipse.


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§Capítulo II – O Apocalipse de João 

2.1) Sobre do autor;
2.2) O tema e o propósito do livro;
2.3) A época em que foi escrito o livro e os seus destinatários;
2.4) As relações entre Apocalipse e Profecia;
2.5) As relações entre o Apocalipse e o Antigo Testamento.


§Capítulo III - Temas centrais do Apocalipse

3.1) Tirando o véu dos olhos, da Escritura e da história;
3.2) Deus Pai, Senhor da história;
3.3) Jesus, o Filho, vencedor da morte, defensor do povo;
3.4) O Espírito e a esposa dizem: vem!
3.5) Perseguição e martírio;
3.6) O específico: a fé na ressurreição.


§Capítulo IV – O simbolismo no livro do Apocalipse

4.1) A origem dos símbolos do Apocalipse;
4.2) A relação entre os símbolos e as visões;
4.3) Elementos simbólicos mais frequentes no Apocalipse.


§Capítulo V – Esboço e análise do Apocalipse

5.1) Uma revelação de Jesus Cristo;
5.2) As sete igrejas da Ásia;
5.3) Os sete selos, as sete trombetas e as sete taças;
5.4) As duas testemunhas;
5.5) O governo do “anticristo” e o falso profeta;
5.6) Babilônia e sua queda;
5.7) A segunda vinda de Cristo;
5.8) O Milênio;
5.9) Novo céu e nova terra.


Quem é Jesus no livro do Apocalipse de João?

§Ap. 1.5 – Fiel Testemunha, Primogênito dentre os mortos e Príncipe dos reis da terra;
§Ap. 1.12,13 – Sustentador das Igrejas;
§Ap. 1.16 – Sustentador dos pastores;
§Ap. 1.18 – Glorificado e Ressurreto;
§Ap. 2 e 3 – Instrutor das Igrejas;
§Ap. 4 – Senhor dos céus;
§Ap. 5 – Revelador do Futuro;
§Ap. 6-9 – Juiz da Terra;
§Ap. 19.11 – O que em breve voltará;
§Ap. 19.16 – Rei dos Reis e Senhor dos Senhores;
§Ap. 20 – Juiz de Satanás;
§Ap. 21-22 – O Noivo, O Cordeiro.


A Revelação máxima de Jesus no Apocalipse

§“Eu sou o Alfa e o Ômega... Aquele que é, que era e que vem, o todo poderoso... Eu sou o Primeiro e o último, o que vive; eu estive morto e eis agora estou vivo para sempre, e tenho as chaves da morte e do Hades”. (Ap. 1.8,18)

A mensagem do Apocalipse centraliza-se na figura do Cordeiro. Nas mãos do Cordeiro está a autoridade da história, o julgamento sobre o reino dos fiéis e também a condenação de satanás. É nas mãos do Cordeiro que está o livro da vida (Ap. 5.1), a chave da porta (Ap. 4.1).